Rotten Apple

Olha só quem está de volta!

Primeiramente, gostaria de dizer que, depois de um ano longe, estou disposta a vir para ficar. Sei que deixei muita gente sem esperanças sobre a continuidade da fic, mas meus dias estão cada vez mais incertos. Não quero entrar em méritos pessoais, quem me segue no twitter sabe que ando mal, mas a fic é pra alegrar (embora venham capítulos tristes pela frente). Espero que ainda me aceitem!

E além da aceitação, espero que não estranhem se algo mudou na minha escrita. Li muito nesse tempo longe, mas não sei se isso ajudou ou não, ainda me sinto muito imatura quanto à forma como escrevo. Enfim, pra celebrar a volta dessa fic que eu tanto amo, aí vai um fanart que acho tudo a ver com o momento <3

Obrigada por acreditarem em mim, e confiarem no fato de que um dia a fic voltaria! Qualquer dúvida, tô aqui

Boa leitura!

Sessenta e Sete

Olhava incessantemente para a janela. Como se de alguma forma eu pudesse transpô-la, não sei. Ultimamente eu não sabia muito bem o que era realidade ou ficção.

Desde aquela noite, na casa de Woohyun, algo em mim havia mudado. Talvez eu tivesse me curado de toda aquela dor e angustia que me abatiam quando pensava em minha maçã e seu algoz. Talvez eu estivesse ciente demais de seu amor por mim. O que se deve fazer a partir do momento que se tem certeza dos sentimentos daquele a quem mais se ama?

Nossa relação havia melhorado quinhentos por cento depois daquela noite. Como se nossos corpos houvessem selado um acordo mútuo, onde um pertenceria ao outro. Onde não haveria nada além de nós dois. Mas eu ainda estava preocupado. Ainda sentia o coração apertar a cada segundo.

Naquele momento, na rua de minha casa, a professora de História lhe estaria aplicando a prova final. Ele me dissera que seria em um sábado, mas com todos os preparativos para o “casamento” de Boohyun, sua mãe pedira ao diretor que enviasse alguém durante a semana.

Observei Hyunhee, que mirava a janela da mesma forma que eu, minutos atrás. Ela estava cada vez mais calada, como se algo a machucasse profundamente. Eu sabia bem o que minha melhor amiga sentia, infelizmente não podia fazer nada por ela. Dongwoo, por sua vez, não largava o celular, provavelmente enviando alguma mensagem para Hoya.

Tudo parecia tão normal. Tão terrivelmente normal, como se a vida houvesse dado uma pausa em todas as suas maliciosas tramas e nos deixasse respirar. Mal sabia ela que tal calmaria me afligia mais. Eu havia me desacostumado à calmaria. Havia me tornado tão diferente do que um dia fora, que o simples passear das nuvens lá fora bastavam para me sufocar.

Observei a tela de meu celular e o sorriso de Woohyun não conseguia deixar meus lábios retos. Aquele sorriso brilhante, capaz de aquecer qualquer dia de inverno. Ele prometera avisar assim que a prova acabasse e, como a sua era especial, ficaria sabendo de sua nota assim que a professora terminasse a correção.

Woohyun havia se esforçado, História era sua matéria favorita, ele certamente se sairia bem.

“Hey Gyu, tá tudo bem?” Dongwoo tocou meu braço e me vi desperto de meu transe.

“Ah… Sim, estou bem. Só um pouco ansioso.”

“Calma, logo os resultados do teste de medula saem. Não precisa ficar assim.” Ele deu de ombros, voltando a encarar o celular.

“Não é por isso… Namu tá fazendo a prova dele agora.”

“Kim Sunggyu-yah! Até por isso fica ansioso?! Se continuar assim, não vai suportar viver mais um segundo!” Ele me repreendeu, fazendo com que Hyunhee nos observasse. Seus olhos estavam tão vazios que me senti ainda pior por ela.

“Ele tava nervoso por não estar acompanhando bem as aulas. Só gravações e cópias talvez não bastem.”

“Conta outra… Ele é o melhor da sala em História, aposto que vai tirar a maior nota!”

“Se você diz…” Dei de ombros e fixei meus olhos nos ombros de Hyunhee, à nossa frente. “Não é só ele que me preocupa. Olha só como ela está.” Apontei para ela, sussurrando para que ninguém nos ouvisse.

“Hoya disse que ela está triste desde que o hyung foi pros EUA. Parece que a noiva dele não está facilitando em nada nesse término.”

“Difícil…”

Suspirei e tentei imaginar o que ela sentia. Era diferente. Totalmente diferente. Woohyun estava só quando o conheci. Por mais que fosse difícil escalar seus obstáculos e me fazer presente em seu coração, ele estava livre. Boohyun hyung era um homem comprometido. Muito mais velho que ela. Talvez não houvesse volta e ele não tivesse outra escolha, senão casar-se com sua noiva.

Me preparava para ir falar com ela, quando senti meu celular vibrar. Era ele.

Tirei um 10! Sabia que conseguiria!

Sorri ao ver que minhas dúvidas eram bobas demais e me pus a digitar algo. “Parabéns, meu amor! Eu tinha ctz de que vc se sairia b…” Antes que pudesse terminar, outra mensagem pipocou em minha tela, deixando-me tenso.

Acabaram de ligar do hospital… os resultados do teste saíram… não consigo acreditar…

Meu corpo inteiro congelou. Podia sentir o fio de suor escorrer de minhas têmporas, meus dedos formigarem ao redor do celular. Como se de repente algo impactante demais me atingisse. Enviei minha mensagem inacabada sem perceber e tentava a todo custo escrever outra.

O que lhe diria? Se os testes foram bem sucedidos, logo Woohyun estaria de volta ao hospital, fazendo seu transplante. As sessões de quimio e radioterapia estavam indo bem, embora debilitassem seu corpo, talvez as células cancerígenas já estivessem combatidas. Mas e se não tivesse dado certo? Teria ele de procurar outro doador? O que deveria fazer?

Respirei fundo e digitei algo sem ao menos perceber o que era. “Vou para sua casa assim que acabar a aula. Vai dar tudo certo.” Mal enviei a mensagem e já havia resposta.

Não… eu já estou indo pro hospital. A mãe da Hyun convocou minha família, talvez a gente faça uma conferência com o hyung. Te aviso. Bjs. Te amo.

Larguei o celular de qualquer forma sobre a carteira e respirei fundo. Por mais que minha mente tentasse me fazer compreender que aquele era um momento delicado e talvez sua família desejasse privacidade, eu queria estar com ele. Queria ser um dos primeiros a saber sobre seu futuro, sobre qual seria sua nova rotina dali em diante. Sem perceber, bati o punho com certa força sobre a carteira, fazendo com que o celular caísse e todos à minha volta me observassem.

“Que é que tá pegando, Gyu?” Dongwoo disse, puxando-me pelo braço.

Eu apenas o fitei. Não conseguia dizer nada e, por mais que seus olhos parecessem deveras preocupados, eu não conseguia me conter. Me levantei sem pedir licença e saí da sala, andando a passos largos e pesados em direção ao ginásio.

Ouvi passos me seguindo e, sem que precisasse mover meu rosto, notei Dongwoo atrás de mim.

“Você não pode sair da sala assim… Tá maluco?” Ele me parou, devolvendo meu celular.

“Woohyun tá indo pro hospital. Os resultados saíram.”

“Viu só? Eu sabia que logo tudo chegaria a um fim e…”

“Não chegou ainda, Dongwoo-yah!” Gritei com ele, que me deteve. Sentia seus dedos firmes ao redor de meus braços.

“Ele te disse algo? Fala, Sunggyu, não adianta guardar tudo pra você!”

“Nada.”

“Então porque tá assim nervoso?” Meu melhor amigo me levou até um dos bancos próximos ao pátio e me fez sentar.

“Depois de tudo o que a gente passou, depois de tudo o que conquistei, é meio difícil não estar lá com ele enquanto ele recebe uma notícia tão importante.” Dei de ombros, colocando o celular no bolso do casaco. “Vão fazer uma conferência pro hyung participar, e eu aqui…”

“Você não faz parte da família. Será que pode entender isso?”

“Não. Não posso.”

Encarei Dongwoo. Talvez nunca antes houvesse deitado tamanhos olhos sobre ele. O fitava com um misto de irritação e tentativa de compreensão. Nem um nem outro funcionavam. Ele certamente não conseguia entender o que se passava comigo. Não entendia que se tratava da vida daquele a quem tanto amava.

O pior de tudo é que ele sabia bem o que estava acontecendo. Se viu diante da possibilidade de perder Hoya. Passou pela difícil tarefa de enfrentar seus pais e o mundo por amor dele. Talvez lhe faltasse um pouco de empatia.

“Desculpa, Kim Sunggyu.” Ele se sentou ao meu lado, parecendo vencido. “O que você tá passando é algo muito diferente de tudo o que eu já passei na vida. Eu não sei o que acontece aí dentro, nem sei o que faria se estivesse no seu lugar. Mas você precisa concordar comigo, não adianta se irritar. O tempo não vai passar mais depressa por isso.”

“Eu sei.” Apertei os dedos e senti as unhas cravarem na palma de minhas mãos. “Eu sei de tudo isso. E por saber, tento me controlar. Mas parece que eu vou explodir!”

Assim que aquela palavra saiu de minha boca, o sinal que indicava o final das aulas soou. Depois que alguns alunos desesperados passaram por nós, pude ver Hyunhee se aproximar com minha mochila. Hoya estava logo atrás, trazendo a de Dongwoo.

“Não faça mais besteira, Sunggyu.” Ela me repreendeu, jogando a mochila diante de mim.

“O que houve?” Dongwoo perguntou preocupado, vendo-a lívida.

“Nada.” Ela fora breve, ajeitando o cachecol no pescoço. “Preciso ir. Vejo vocês por aí.”

“Mas Hyun…” Disse, na esperança de detê-la e fazê-la falar algo sobre Woohyun. Ela pareceu não ouvir.

“Deixa ela, hyung. A noona não parece bem.” Hoya disse, me fitando com aqueles olhos grandes e curiosos. “Você pelo jeito também não.”

“Cadê Sungjong?” Perguntei, tentando ver através dele. Hoya olhou para trás, mas logo deu de ombros.

“Não veio hoje. Parece que tem problemas em casa.”

“Provavelmente aquele imbecil do irmão dele está aprontando alguma.” Disse irritado, me levantando. “Preciso fazer alguma coisa, ou vou explodir!”

“Calma, Gyu Gee Gee, se irritar só vai fazer o tempo se arrastar mais ainda. Vamos comer algo e depois pensamos no que podemos fazer.”

Dongwoo tentou me animar, mas nada parecia adiantar. Eu estava nervoso, irritado, ansioso. Nada poderia me acalmar, apenas Woohyun possuía o balsamo que acalmava meu coração. No entanto, ele estava certo. Eu nada poderia fazer, além de esperar.

 

Me esforcei para comer. Era assim que vinha lidando com minha ansiedade nos últimos meses. Aquele bichinho queimava dentro de mim, me roubando as forças e o apetite. Por sorte a comida era boa e a companhia conseguia me distrair. Ainda mais agora que eu tinha duas preocupações.

Hyunhee me deixara realmente preocupado ao sair daquela forma. Não sabia o que fazer, já que garotas são assim, volúveis. Talvez ela estivesse mal. Talvez fosse TPM. Eu não tinha coragem de perguntar.

Mas o caso de Woohyun era o que mais fundo entrara em meu coração. Ele já estava lá, de fato, mas saber que ele estava prestes – se não já sabia – de saber o que estava por acontecer consigo me deixava inseguro e irritado. Me perguntava se Sungjong sabia de algo, afinal a outra parte da história era ninguém menos que o namorado de seu irmão. Resolvi deixar essa curiosidade para lá, não adiantaria de nada perguntar algo a ele naquele momento.

“Queria pelo menos saber o que tá acontecendo.” Fitei o relógio de parede da lanchonete e dei de ombros.

“Calma Gyu, daqui a pouco ele fala contigo.”

“Eu tô tentando! Tento de todas as formas, mas é mais forte que eu!” Disse, tentando não soar tão irritadiço, e Hoya tocou meu braço. “Não consigo não pensar que tudo pode mudar a partir de hoje.”

“Ainda isso, hyung?”

“É diferente agora.” Semicerrei os olhos e me lembrei de Woohyun me dizendo o quanto me amava. Como me amava. Sua pele cálida em meus lábios, meu corpo, meu ser. “Não é mais a rivalidade com o Myungsoo que me deixa nervoso…” Respirei fundo e os fitei. “O que me enlouquece é o futuro do Namu. Saber se ele vai sobreviver a tudo isso. Perdi tempo demais pensando em algo tão idiota quanto ser trocado por ele… mas agora a questão é a vida do Woohyun. Eu poderia suportar ver ele voltar correndo praquele sonso, só não suportaria não vê-lo mais. Não vê-lo vivo.”

Fez-se silêncio em nossa mesa. Sentia como se todos ao nosso redor nos fitasse com olhos curiosos. Parecia que uma nuvem negra havia estacionado sobre nós. Hoya me olhava, as sobrancelhas unidas, formando quase uma só, quando de repente um sorriso estampou seu belo rosto.

“Mas ele ainda tá vivo, hyung… enquanto ele estiver vivo, temos esperança.”

Talvez ele estivesse certo. Talvez o mais novo de nós fosse o mais sábio. Howon me sorriu e aquele gesto de alguma forma confortou meu coração. Eu precisava apenas saber esperar. Saber que, independente do resultado, minhas forças ainda seriam empregadas na corrida que era a recuperação de Woohyun.

Eu estaria lá, para ele. E estaria forte.

5 opiniões sobre “Rotten Apple

  1. Descobri essa fic há apenas alguns dias e…ooh…ela me arrebatou e foi impossível largá-la! Espero que um dia vc a finalize. Com certeza isso deixaria MUITA gente bem feliz…eu mal posso esperar! Um grande abraço e parabéns pela história!

  2. Ah, eu me lembro de quando comecei a ler esta fanfic, com a minha amiga, ficamos tão tocadas por essa fanfic que líamos na sala de aula, no intervalo entre as aulas, no ônibus, voltando para nossas casas, nós simplesmente fomos cativadas pela sua fanfic, fico muito feliz que tenha voltado a escreve-la, tome o tempo que for necessário para escreve-la e não se esforce muito, todos temos nossos devidos tempos.
    Espero que tudo em sua vida melhore, assim como você melhorou minha vida, assumo que às vezes você quebra meu coração porém sei que a vida não é construída apenas de momentos bons, sua fanfic me acompanhou durante 3 anos, quando eu estava no 2° grau, agora até acabei o colégio, mas continuo esperando o final da história, estarei sempre aqui, esperando.
    Abraços.

  3. eu não acredito depois de tanto tempo estou aqui maravilhada por mais um capitulo desua fic. Começar o ano lendo a essa fic linda e envolvente me deixa feliz e super animada.
    pois conpreenda estou lendo agora nesse 01/01/15… ja que minha imcapacidade de verificar se havia algum capitulo postado no mes passado me causo essa oportunidade e começar o dia com algo que me alegra muito.

    ver como o guy e o namu estão ótimos e ao mesmo temposendo eles mesmo. envolventes facinantes. E ver depois de tanta luda esperança e ansiedade de saber finalmente o que acontecera…ahh estou loca para saber logo. Isso me deixa sempre com gostinho de quero mais.

    Sua escrita continua maravilhosa como sempre a achei desde de quando começei a ler suas fics. Olha que comecçei por aquarela.kkk

  4. Nem acreditei quando chaguei aqui e vi que a fic tinha sido atualizada *O* ~corre avisa pra amiga~
    todos os dias vim aqui na esperança de encontrar alguma coisa, mesmo depois que vc disse que não ia terminar a fic, meu coração apaixonado por Rotten Apple continuava a acreditar que esse dia chegaria. Como sempre sua escrita está magnifica, a forma como vc expressa as emoções do Gyu através das palavras é incrível.
    Obrigada por voltar apesar dos problemas da vida, estou esperando ansiosamente o próximo capitulo mas tome o tempo necessário, e mais uma vez obrigada ~joga corações~

  5. Aquele momento que você vê no seu email uma att e tem um ataque.. foi eu ontem de noite.. o triste é estar sem internet pra ler NAQUELE momento, mas tudo bem, no trabalho tem internet e leio aqui! (trabalhar que nada, o negócio é ler Rotten Apple *morta pelo chefe*)

    Capítulo infartante como sempre e com aquele fim tipo dorama – preciso do próximo, tipo AGORA! hsaushaushuahsau… mas eu sou comportada, porque se eu esperei um ano, eu espero mais de novo pelo próximo capítulo, nem que demore a vida inteira pra ler.

    Sua escrita não mudou nadinha pra pior, na verdade, só cresce cada dia mais.

    Sem muitas delongas porque eu preciso trabalhar…

    Obrigada por voltar e não desistir *chora de emoção*

    Beijos

Que tal mandar um alô pra tia Suz? xD