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Setenta e Quatro

 

“Eu cheguei primeiro…”

O silêncio na área de observação do Hospital foi quebrado por um Sungyeol que murmurava baixinho, olhando copiosamente para os próprios pés. Podia notar algumas lágrimas escorrendo por seu rosto, o olho esquerdo começava a ficar arroxeado e inchado devido aos socos. Myungsoo levantou os olhos pouco depois, embora o direito tivesse um curativo – de alguma forma consegui abrir seu supercílio. Eu sentia o corpo todo doer.

Quando a polícia chegou, graças à ligação de um dos vizinhos que achou que aquela briga se tratava de uma tentativa de assalto à minha casa, minha mãe se preocupou antes com o nosso estado. Myungsoo tinha sangue no rosto, Sungyeol tinha sangue nas mãos e eu tinha um corte no lábio inferior que também sangrava sem parar. Sungjong parecia estar em estado de choque, mas foi amparado pela minha mãe. Nos levaram para o hospital no carro da polícia, e meus pais seguiram atrás.

Um sentimento estranho tomava conta de mim. Não sei se remorso por bater em alguém que sequer se defendeu, ou arrependimento por não ter batido mais em Sungyeol. Não deveria tê-lo deixado me acertar, mas já estava feito. Já estávamos, os três, há uma hora em uma sala separada. Curativos e suturas conforme necessário, a atmosfera do lugar tão pesada que poderia sufocar a nós três sem muita dificuldade.

Quando Sungyeol repetiu a frase, Myungsoo franziu o cenho, o rosto repleto de dor.

“Não é justo!” Sungyeol disse mais alto, olhando-nos com indignação.

“Do que você tá falando, cara?” Perguntei, indeciso se estava curioso ou apenas queria que ele se calase.

“Nam Woohyun!” Ele esbravejou, empertigando-se. “Eu o conheci primeiro. Eu dei as boas vindas a ele no colégio. Fui eu quem o ensinou tudo o que ele sabe, eu cuidei dele. Eu torci por ele. Eu estava lá. O tempo todo. Fui eu quem o vi primeiro, quem…”

Sungyeol suspirou fundo, enxugando as lágrimas com a costa das mãos. Fitou Myungsoo por um tempo e eu não conseguia compreender o que se passava por aquela cabecinha. Ele começou a mastigar os lábios compulsivamente, como esperando alguma resposta do namorado. Mas ela não chegou.

Myungsoo parecia ainda mais contrito. Parecia entender do que o outro falava. Uma lágrima tímida escorreu de seus olhos e ele escondeu o rosto, envergonhado. Eu apenas observava, tentando de alguma forma conter o esturpor e compreender o que acontecia. Ao notar que ninguém diria nada, Sungyeol suspirou e continuou.

“Eu ia dizer a ele. Ia contar como me sentia, que apesar de ser estranho estar apaixonado pelo meu melhor amigo, isso parecia  o certo a se fazer. A gente se completava, Nam e eu. Estávamos sempre juntos… Mas quando finalmente tive coragem de me declarar, o vi com Myungsoo.”

O olhar que ele direcionou a Kim Myungsoo talvez seja uma das coisas que, passe o tempo que for, jamais vou compreender. Não havia ódio ali. Não era raiva tampouco. Alguns poderiam dizer inveja, outros diriam ser irritação. Eu talvez acredite que seja indignação. Eu não conseguia compreender aqueles sentimentos e desejava nunca ter de experimentá-lo. Myungsoo respirou fundo, apertando os próprios dedos, mas não se atreveu a olhar Sungyeol.

“Nunca disse a ninguém o que sentia…” Sungyeol continuou, fitando o chão enquanto lentamente procurava as palavras certas. Aquele desabafo começava a me atingir de alguma forma. Não sentia ciúme dele, talvez fosse pena. Não sei. “Eu não tinha coragem. Eu não conseguia ver Woohyun feliz com você. Parecia errado, parecia que era falso. Ele só seria feliz de verdade se fosse comigo.” Ele fitou Myungsoo e limpou o rosto. “Eu tentei por um tempo esquecer, mas a obsessão que sentia por aquilo era tão grande que minha paixão se tornou ódio em dois segundos. Eu precisava que ele sofresse como eu sofri ao vê-lo com outra pessoa. E como acabar com tudo isso de forma mais fácil? Contando a todo mundo.”

Nesse momento, cerrei os pulsos. Eu não me ressentira de sua história até que aquilo realmente envolvesse os sentimentos de Woohyun. O que ele fizera para merecer aquilo tudo? Mas não podia me exaltar. Já havia cometido o maior erro e sabia que depois dali, teria consequências a enfrentar na delegacia.

“Eu não contei pra mãe dele. Ao contrário, contei para uma menina… Você nem imagina quem, Myung-ah… A Hyejin, aquela fofoqueira que frequenta a mesma igreja que a família Nam. Não demorou até que a mãe dele descobrisse e acabasse com a felicidade de vocês.” Ele deu de ombros e sorriu. Naquele momento, parecia exatamente o psicopata que era. Myungsoo permaneceu em silêncio enquanto meu sangue fervia dentro de mim. “Na outra semana, quando vi a carteira dele vazia, meu coração se quebrou ainda mais. Parecia areia fina escorrendo de dentro de mim. Nunca me senti tão vazio. E você, Myungsoo, nem fazia ideia do que aconteceu, não é mesmo?”

Myungsoo levantou-se e foi até o bebedouro. Engoliu a água de forma tão áspera que podia ouvir o barulho de sua garganta. O ar parecia ficar ainda mais pesado, como se nos esmagasse.

“Sungjong notou sua mudança. Eu me lembro do dia em que ele veio até mim, tristonho, dizendo que gostava de você. Eu achava uma bobagem, claro. Muito fácil gostar do garoto mais popular e bonito da escola. Eu ria porque todas as garotas queriam você. Isso é fácil, toda garota quer o cara mais bonito da escola. O que não podia aceitar era que meu irmão e meu melhor amigo também quisessem. A diferença, claro, é que eu sabia os reais motivos para eles gostarem de você.” Sungyeol moveu as pernas e colocou a mão no bolso de seu casaco. Parecia sonhador. “Você foi uma das melhores pessoas que conheci. Atencioso, amigo, prestativo. Você de fato era apaixonante e não era só a beleza. Você conseguia fazer a pessoa se sentir querida sem precisar provar seus sentimentos para o mundo. Eu queria sentir aquilo também. Por isso me aproximei de você.”

“Você disse que estava apaixonado por mim…” Myungsoo se pronunciou pela primeira vez, a voz embargada. “Disse que eu não me preocupasse, que iria cuidar de mim. Nunca fez isso. Só fez da minha vida um inferno!” Ele parecia surpreso, como se ouvisse aquela história pela primeira vez.

“Eu me apaixonei, Myungsoo. Eventualmente me apaixonei. Eu me dediquei tanto a parecer o casal feliz e perfeito que acabei por me envolver contigo. Mesmo vendo Sungjong sofrer, eu fui tão egoísta que não era capaz de me arrepender. Mas…”

Sungyeol pareceu se retrair. Não parecia querer continuar a conversa. Myungsoo deu de ombros e se pôs diante da porta, olhando para fora através do vidro. Estiquei o pescoço e notei que havia um policial lá fora conversando com alguns médicos.

“O que houve?” Perguntei. Mais por curiosidade que preocupação. Finalmente todo aquele mistério parecia se diluir diante de mim e, mesmo ainda irritado, queria saber o que se passava.

“Eu vi Woohyun depois de um mês da troca de colégio. Ele estava lá fora, na sacada. Parecia chorar. Aquilo doeu em mim. Me sentia vingado e esse sentimento era tão amargo que não conseguia evitar o arrependimento. Nunca aproveitei aquela vingança. Embora estivesse apaixonado por Myungsoo, ainda amava Woohyun.”

Assim que ouvi aquela frase, me pus em alerta. Tentava de todas as formas evitar o impulso de esmurrar outra vez aquele idiota. Como alguém pode amar outra pessoa e lhe causar tanto mal?

“Nunca vou entender esse sentimento. Nunca.” Sungyeol deu de ombros e fitou Myungsoo.

“Eu nunca vou te entender, Sungyeol.” Myungsoo disse, sem se mover. Parecia não ser capaz de encará-lo. “Me disse diversas vezes que sempre gostou de mim. Que eu deveria esquecer Woohyun porque ele me abandonou, e você jamais me abandonaria. Mas nunca explicou todas as vezes que brigamos, todas as vezes em que me disse coisas horríveis sobre mim. Eu nunca senti seu amor, só senti seu controle. Eu cheguei a acreditar que você gostava de mim.”

“E eu gostei!” Ele disse, alto o bastante para o polícial olhar para dentro da sala por um instante. “Demorou, mas gostei. Não era como o sentimento que tinha por Woohyun, mas gostava. E um ciúme doentio tomou conta de mim quando comecei a ver você parado diante daquele portão. Eu percebi que jamais poderei ser amado daquela forma. Que eu não sou digno desse sentimento que apenas Nam Woohyun é capaz de conquistar.”

Por um instante, senti pena dele. Conheci muitas pessoas em minha vida, mas nenhuma delas fora capaz de colocar seus próprios sentimentos sobre a mesa desta forma. Ele parecia reconstruir toda a história em sua mente e expô-la sem pudores. Talvez aquele fosse o maior momento de sinceridade de toda a sua vida. Myungsoo voltou à cadeira em que estava sentado, e encarou Sungyeol, como se demandasse respostas.

“Eu não podia perder você também, Myungsoo.” Os dois se olhavam intensamente. Percebi, naquele momento, que aquela era uma prestação de contas. Eu não existia naquela sala, aquela conversa era sobre os dois e apenas eles importavam naquele momento. “Percebi que, se perdesse você também, estaria sozinho nesse mundo. Então fiz de tudo para prendê-lo a mim. Minha vida dependia daquilo… Mas então tudo foi acontecendo e esse cara aí chegou. Achei que finalmente teria paz, mas ele é um maldito intrometido!”

“Hey, eu tô ouvindo!” Gritei em sua direçaão, mas ele não se importou.

“Eu sabia que ajudar o Woohyun iria tirar seu sentimento de culpa. O meu também. Apesar de dizer que não deixaria que você doasse, eu sabia que Sungjong contaria tudo a Woohyun e o fiz acreditar que eu atrapalharia tudo. Eu sabia que ele jamais poderia sentir algo bom por mim, mas que pelo menos sentisse raiva. Eu queria que ele sentisse algo… pelo menos, alguma coisa.”

“Você é doente!” Disse, apertando as mãos tão forte que os nós dos dedos ficaram brancos.

“Você sabe o que fiz. Você foi o único que soube.” Ele me ignorou. Os olhos permaneciam colados aos de Myungsoo. “Você ia escondido àquela clínica para doar sangue sempre que podia. Até que me viu lá. Esse idiota alí também me viu… Ele talvez pense que eu estava lá pra atrapalhar, mas eu só queria ajudar também.”

Ele se calou por um instante. Tudo parecia se clarear em minha mente, como um raio de sol que surge em meio a nuvens carregadas. Então, todas as vezes em que vi Sungyeol próximo à clínica, ele estava lá para ajudar? Então por isso a doação fora um sucesso? Era tão estranho que eu não podia acreditar. É difícil aceitar que um inimigo seja aquele quem mais ajudou.

“Eu não queria que você ajudasse.” Myungsoo disse, desviando os olhos dele pela primeira vez. “Eu só queria que Woohyun vivesse. Por isso aceitei que você também fosse. Não tinha ideia dos seus motivos, o que é ainda mais estranho. Por quê?” Myungsoo perguntou, fitando-o de novo. Eu podia sentir a dor em seus olhos. “Por que não me disse tudo isso antes? Nós poderíamos ter superado isso e seguido nossas vidas. Apesar de tudo, eu gostava de você!”

Os observei, e senti a tensão mudar. Conversavam como se não fossem mais um casal, o que era muito estranho. Apesar de estar há tanto tempo longe de Sungjong, ele me diria que aqueles dois teriam terminado. Ou não?

“Você não me merece, Myungsoo. Por isso fui embora.”

“O que tá acontecendo aqui?” Perguntei indignado, mas Sungyeol continuava a me ignorar.

“Nós terminamos no dia em que soube que podia doar minha medula.” Myungsoo disse baixinho.

“Mas você não doou!” Inquiri, o fulminando com os olhos.

“Essa é uma longa história…” Myungsoo deu de ombros e fitou o teto. “Quando aquilo aconteceu, eu disse a Sungyeol que não podia mais fingir estar feliz com ele. Ele também não estava feliz e decidimos que a última coisa que faríamos juntos seria aquela doação. Peguei os remédios na clínica e fui para casa com ele. Devoli todas as coisas dele, e fui pegar as minhas na casa dele. Pela primeira vez, fizemos algo porque os dois queriam. Não houve discussão, não houve brigas, não houve pedido para ficar. Nós sabíamos que nunca seríamos felizes juntos, que não éramos feitos um para o outro. Bastava de dor…” Ele fungou baixinho.

“Então por que não doou a medula naquele dia? Todos contávamos com você!” Minha voz mal saiu. O controle sobre meu corpo era tamanho, que minha voz não conseguia se sobressair.

“Estava tudo certo pra doação, Sungkyu.” Sungyeol disse, olhando para mim depois de muito tempo. “Eu iria até a clínica com ele e nós estávamos dispostos a conversar com Woohyun, pedir perdão por tudo, e cada um seguir sua vida em um caminho diferente… mas…”

Sungyeol se pôs indisposto. Começou a chorar baixo, mas as lágrimas não paravam de verter. Como se uma represa tivesse se libertado, ele não conseguia mais se controlar. Myungsoo atravessou a sala e se sentou o lado dele, abraçando-o. Sungyeol encostou o rosto no peito de Myungsoo e se permitiu chorar. Eu não conseguia compreender.

“Um dia antes do dia marcado pra operação, a mãe dele recebeu uma ligação da família.” Myungsoo começou, acariciando os cabelos de Sungyeol. “A família mora em Gwangju e o avô dele tinha sofrido um derrame. A mãe dele ficou desesperada e decidiu ir até lá. Como o pai disse que não queria que ela fosse sozinha, Daeyeol a acompanhou, já que nós tinhamos compromisso no outro dia.” Ele pigarreou, parecia difícil para ele continuar aquele história. Sungyeol continuava a chorar. “Acontece que no meio da viagem, pela pressa e desespero, a mãe dele bateu o carro. Daeyeol ficou preso nas ferragens.”

“Meu Deus! Ele está bem?” Perguntei surpreso, um turbilhão de pensamentos invadindo minha cabeça.

“Por estarem na estrada e ela ter perdido a consciência devido ao impacto, demorou muito até que pedisse ajuda. Aquela estrada já é deserta durante o dia… à noite é pior. Acontece que… devido ao ferimento, Daeyeol perdeu a perna.” Myungsoo limpou uma lágrima e beijou o topo da cabeça de Sungyeol. “Ele ficou muito preso. Ao retirarem ele, notaram que os ossos haviam se esfarelado. É uma história complicada, não quero repetir perto dele…”

“Mas esse garoto é só uma criança!” Ainda não conseguia me recuperar do choque. Aquilo era muito maior do que eu poderia imaginar.

“No outro dia, quando a família deles recebeu a notícia, Sungyoel imediatamente me ligou. Eu fiquei tão preocupado que corri até a casa dele. Estávamos tão abalados que não nos lembramos da doação. Daeyeol é uma criança adorável, estávamos preocupados com toda a situação. Só notei que estava atrasado quando o meu celular alertou da hora da doação.” Myungsoo sorriu amargo, como se aquele fosse seu pior erro. “O choque foi tão grande que, quando notei, já estávamos em Gwangju. Recebi várias ligações, mas estava tão envergonhado e preocupado, que não consegui atender.”

“Eu não imaginava que…” Estava atônito. Enquanto sentíamos tanto rancor por aquele dia, não podia imaginar que algo tão maior estava acontecendo. Apesar da raiva que sentia por eles, outras pessoas não mereciam tamanha desconsideração.

“Nem nós.” Myungsoo continuou, levantando-se para pegar água para Sungyeol. “Eu precisava estar lá com eles. Sungjong ainda está muito abalado. Parece ter perdido todo o brilho que tinha. Os pais deles ainda não sabem como se adaptar a tudo. É muito difícil.”

Eu fiquei em silêncio. Após o choque, precisava de um tempo para assimilar tudo. Eu sequer perguntara a Sungjong como ele estava, de tão preocupado com Woohyun que estava. Foi naquele momento que percebi que o mundo não girava apenas ao meu redor. Sungjong certamente precisava de mim, e eu não fui capaz de estar ali para ele.

Me sentia ridículo, egoísta, mesquinho. A falta de Myungsoo fora sentida, pois era nossa esperança de cura, mas nem tudo estava perdido. Eu fui capaz de doar, e não fosse minha cegueira, eu poderia ter feito os exames muito antes e evitado tudo aquilo.

Um peso me invadiu e me senti contrito por tudo aquilo. Pessoas estavam sofrendo, mas tudo o que fiz foi me alterar, mostrar com não tenho controle algum sobre mim.

“Sungjong nos contou que você conseguiu doar. Ficamos muito felizes. Eu estava indo até sua casa para agradecer e pedir perdão. Sungyeol também ia, mas estava ajudando Daeyeol com o banho, por isso se atrasou. Eu não tive coragem de dizer logo o que queria, estava muito envergonhado. E então você me bateu. Acho que merecia aquilo tudo.”

As cenas de horas atrás se passaram em minha mente. A forma como o agredi, como gritei com Sungjong. Ele não merecia aquilo. Jamais merecera. Sentia o arrependimento e o remorso me invadirem impiedosamente, e então notei que lágrimas também escorriam por meu rosto.

“Eu não fazia ideia… eu…”

“Não culpo você.” Sungyeol disse, rasgando aos poucos as laterais do copo descartável. “Eu agi daquela forma quando tentava proteger o que amava. Mas eu não podia vê-lo agredir Myungsoo, não depois de tudo o que ele fez por mim e minha família durante esse tempo. Por isso não me controlei quando bati em você.”

“Estamos todos errados.” Myungsoo disse, voltando a fitar a porta. Sungjong, Daeyeol, Woohyun… eles não têm culpa de quem somos. Eles são pessoas que merecem algo bom, algo melhor do que podemos oferecer.”

“É por isso que vou embora.” Sungyeol disse, nos olhando por um momento. Depois, tocou o ombro de Myungsoo e o fitou, saindo pela porta em seguida.

O policial o parou e ambos seguiram em direção à saída. Myungsoo se sentou ao meu lado. Permaneceu calado por algum tempo e depois tocou minha mão.

“O depoimento vai ser importante. Vamos todos contar o que realmente aconteceu ao policial, ele vai registrar a ocorrência e nos liberar, já que é um delito pequeno.” Assenti e ele tirou sua mão de sobre a minha. “A família deles está de mudança pra Gwangju. Os pais dele acham que o clima de lá vai ser melhor para Daeyeol, ele precisa se recuperar. Mas Sungyeol vai ficar por Seoul, já que enviou a carta para o alistamento. Respeito a decisão dele, talvez seja melhor assim. Eu vou pra Gwangju com eles, por enquanto. Preciso ajudar Sungjong. Ele se dedicou tanto tempo a mim que não posso vê-lo sofrer assim. Mas logo vou para Ulsan estudar, então não sei bem do meu futuro. Meus pais não se importam muito com minhas decisões, então vou apenas viver. Quanto a você, Sunggyu, peço que cuide bem de Woohyun. Não deixe que ele fique sozinho. Ele é precioso demais para ser abandonado outra vez.”

Myungsoo sorriu, os olhos vermelhos e as lágrimas caindo copiosas por seu rosto. Antes que eu pudesse dizer algo, ele se levantou e saiu da sala, tomando a mesma direção de Sungyeol.

Que tal mandar um alô pra tia Suz? xD