Rotten Apple

Quarenta e Três

O filme acabou um pouco antes das onze e meia, e entre bocejos, mamãe desligou a TV e foi para seu quarto. Não sem antes providenciar cobertores, travesseiros e um colchão que guardava no quarto que um dia fora de minha noona. “O inverno está chegando e não é bom que durmam em futons” Ela disse antes de fechar a porta. Woohyun sentou-se sobre o colchão, embora não fosse minha intenção usá-lo, e suspirou.

“Sua mãe… É um pouco…” Ele disse, a mão na nuca tentava afastar seu constrangimento.

“Carente, não é?” Peguei o cobertor e me sentei ao lado dele. A luz estava apagada e éramos iluminados pelo abajur ao lado de minha cama. “Mamãe é assim com todos os meus amigos. Mesmo que ela os veja pela primeira vez, é carinhosa. Às vezes ela assusta… Como aconteceu com Dongwoo a primeira vez em que ele dormiu aqui.”

“E o que ela fez?” Ele envolveu meu ombro com seu braço, e me aproximei. Eu toquei sua mão, sentindo-me confortável em seu abraço.

“Ela nos colocou pra dormir. Sentou entre nós dois e contou uma história, depois cobriu Dongwoo e cantou pra ele. O garoto não conseguia dormir, encarando ela.”

“Mas Dongwoo parece tão cheio de dedos pra cima das pessoas.”

“Pois é, mas até ele se assustou com minha mãe.”

“Eu gostei dela. De verdade.” Woohyun me fitou, e eu sorri para ele. Como não sorrir, quando alguém tão perfeito me olhava tão profundamente, como se quisesse invadir e coabitar com minha alma? “Assim como eu gosto de você.”

Não sabia o que responder. A verdade é que não havia nada que pudesse ser dito de volta. O que eu poderia dizer a Woohyun? Que eu gostava dele tanto, ou ainda mais do que ele gostava de mim? Que quando eu o tinha assim, tão perto, eu descobria o que era a felicidade? Que não havia nada nesse mundo que pudesse ser mais perfeito que olhá-lo nos olhos, contemplar seu sorriso, estar com ele?

Se eu houvesse sonhado toda a minha vida apenas sonhos lindos e perfeitos, eu saberia que aquele momento era capaz de superar qualquer um deles.

Eu apenas me permiti olhá-lo, guardar mais uma vez cada um dos pequenos detalhes de seu rosto em minha memória, antes que o beijasse novamente. E, quando seus lábios macios e avermelhados tocaram os meus, senti-me estremecer, assim como o fizera a primeira vez em que nos beijamos. Woohyun moveu-se em minha direção, fazendo-me deitar sobre o colchão com cuidado. Aprofundava o beijo, seus dedos em meu rosto me acariciavam, acalmavam meu coração que pulsava latente em meu peito.

Tentava me manter calmo, mas nada poderia me levar ao ápice mais rápido e com mais intensidade que os lábios de Nam Woohyun enleados nos meus. Ele separava o beijo, espalhava pequenos selares, sugava-os lentamente, voltava a invadir minha boca com sua língua, me roubava o ar. Eu não podia evitar a excitação, o desejo me tomar ao ter seu corpo sobre o meu, seu peso dificultando a entrada do ar em meus pulmões, seu perfume me embriagando, deixando minhas pernas bambas mesmo que eu estivesse deitado.

Meus dedos, mesmo tímidos e um pouco perdidos, acariciavam a extensão da coluna de Woohyun, percorrendo um caminho curto e ansioso até a barra de sua camisa. Toquei sua pele e logo pude sentir um tecido grosso preso a ela. Era uma de suas tiras ortopédicas, e eu nunca entendi ao certo o que elas proporcionavam a ele. Quando bati a mão bruscamente – mais pela ansiedade, que por qualquer outra coisa – Woohyun arqueou o corpo sobre mim, arfando dolorosamente.

“Te machuquei?” Parti o beijo preocupado, e ele se moveu.

“Não… Só to com dor nas costas.” Woohyun respondeu baixo, seus lábios seguindo por um caminho úmido até o lóbulo de minha orelha. Era como se meu corpo inteiro acendesse, ganhasse uma vida que não dependia de mim, e sim de seus lábios em minha pele. “Você não me machucaria, Gyu-ah.”

“Hum.” Foi o som que escapou de meus lábios assim que senti os dentes dele arranharem meu lóbulo. Meu corpo se arqueou, involuntariamente, quando seus dedos puxaram levemente meus cabelos para trás, seus lábios seguindo pela curva de meu pescoço, me arrepiando completamente. “Na-Nam…”

“Sim.” Ele se moveu para que pudesse me ver. Seus olhos estavam nublados, cobertos por um brilho que eu nunca vira antes. Um brilho que me puxava para dentro das íris enegrecidas, que me afogava em seu ser. Eu não sabia o que fazer.

“Eu… Eu não…” Ressonei, minha voz falha e rouca arranhava seus ouvidos. Como eu diria a ele que estava completamente perdido, nervoso e ansioso, por nunca ter chegado tão longe com alguém? Como Woohyun interpretaria minha virgindade? Eu não sabia o que fazer, apenas me permitia perder-me em seus beijos.

“O que houve?” Ele entrelaçou suas pernas nas minhas, e eu pude senti-lo roçar em minha coxa. Seu estomago maltratava meu membro, reprimindo-o e me fazendo segurar outro gemido. Woohyun sorriu, as mãos embrenhavam-se por baixo de minha camisa, acariciando minha pele levemente.

“É que…” Mordisquei o lábio inferior, reprimindo outro sussurro assim que seu dígito alcançou um de meus mamilos. Woohyun parecia experiente, como se conhecesse meu corpo tanto quanto o seu, e me deixava nervoso.

“Me diz…” Ele beijou meus lábios docemente, deslizando-se para que pudéssemos ficar mais próximos, para que nossos olhos se encontrassem. À meia luz, eu podia notar o rubor que contornava as maçãs de seu rosto. “To indo rápido demais?”

“Não é isso, é que…”

“Eu não vou saber se você não contar.” Ele apoiou seus braços ao redor de meu corpo, e suspendeu o seu, me encarando um pouco curioso.

“É que… Eu nunca…” Mordisquei o lábio inferior, tentando parecer menos virgem, mas já era tarde. Eu tremia sob seu corpo, ele obviamente teria percebido. Woohyun sorriu, e beijou o canto de meus lábios com cuidado, acariciando meu rosto em seguida.

“Eu também não…” Ele ressonou, mas diferente de mim, não havia timidez em seu tom de voz. “Sou tão virgem quanto você, Gyu-ah… Mas eu não posso resistir.”

Woohyun beijou meu queixo, os lábios descolando-se de minha pele e voltando a tocá-la sem sentido certo, me fazendo filtrar o ar com dificuldade. Mesmo que eu confiasse nele completamente, ainda estava absorto demais em seus toques, para acreditar que ele de fato era virgem. Suas atitudes não condiziam com suas palavras. Ou eu era inocente demais?

“Eu não sei o que fazer.” Ressonei, e ele levantou minha camiseta até que a barra alcançasse meus braços. Me movi com dificuldade, o ajudando a removê-la. Woohyun me fitou sério, e eu sorri. Como evitaria um sorriso quando ele estava tão lindo, os cabelos bagunçados e o rosto coberto por um rubor tão lindo, que beirava à inocência?

“Eu também não… Mas eu não consigo me segurar quando você está tão perto.”

Trocamos um ultimo selar, e Woohyun sorriu confidente, como se me segredasse tudo o que se passava por sua mente. Ele apoiou-se nos próprios joelhos, e sentou-se sobre minhas pernas, os dedos deslizavam por meu abdome, fazendo-me arquear em expectativa. Ele sorria, aquele riso satisfeito, tímido e ao mesmo tempo aberto, e tocou o elástico de meu pijama.

Meus olhos logo buscaram os dele, e nossas íris não se viam apartadas uma da outra. Era como se conversássemos através daquele gesto, como se eu lhe desse as coordenadas, mesmo não fazendo ideia de que passo dar após aquele toque. Ele, no entanto, parecia saber exatamente o que fazer. Woohyun tocou meu membro, ainda por cima do tecido, e eu cerrei os olhos, tentando conter toda a gama de sensações que me invadia naquele instante.

Nam Woohyun me tomava, acariciava, me domava como se eu fosse sua propriedade, e me mostrava uma delicadeza que não parecia pertencer a um garoto tão inexperiente quanto ele dizia ser. Quando puxou com cuidado o elástico, e revelou meu membro intumescido, por instinto eu segurei sua mão e ele sorriu. Empertiguei-me e me sentei, minha costa contra a cama, e ele se aproximou, ajoelhando-se diante de mim.

“Não seja tímido, Gyu-ah…” Ele sussurrou, segurando minha mão e a colocando sobre sua ereção. Tentei conter o espasmo que invadiu meu corpo ao menor toque, mas era impossível. Um gemido tímido e baixo escapou de meus lábios, e ele sorriu, contendo a respiração. “Nós somos iguais… O mesmo formato… Quase o mesmo tamanho. Você sabe o que fazer.”

“Mas…”

“Shh.” Ele ressonou sobre meus lábios, e voltou a me beijar. Movia minha mão sobre seu membro lentamente, descobrindo-o aos poucos, até que me fez envolvê-lo por completo.

Ele não separara o beijo em momento algum, apenas explorava minha boca com sua língua, tão calmamente que eu me sentia pequeno e bobo diante dele. Quando notou que eu me acostumava a tocá-lo tão intimamente, abandonou minha mão e alcançou meu membro, masturbando-me com a mesma velocidade que eu o masturbava.

Aquela era uma das mais inesperadas, porém, mais familiares sensações que eu algum dia provei. Era como se eu tocasse meu próprio corpo, mas o estímulo parecia não obedecer ao meu ritmo. Ele era incisivo contra mim, o beijo mudava completamente o ritmo de acordo com nossa excitação, e eu já não me importava se aquilo era certo ou não, apenas me deixava levar pelas sensações que ele me proporcionava.

Woohyun era delicado e ao mesmo tempo firme. Eu tentava acompanha-lo, sentia a junção de seu braço chocar-se contra a minha, enquanto nos masturbávamos rapidamente. Já não podíamos controlar o ar que escapava sôfrego de nossas bocas, então simplesmente nos deixamos respirar um contra o outro, resvalando o ar em nossos rostos e nos reconfortando.

Nossos olhos se encontraram, enevoados, perdidos e ao mesmo tempo certos de que estavam onde deveriam estar. Ele sorria, ofego e imerso no mesmo prazer em que eu me afundara, e tudo o que eu podia ouvir era o som da fricção de nossas mãos contra nossos membros, o ar que saía pesado de nossas bocas, abafando gemidos, minhas pernas se esticarem sobre o colchão, seus dedos dos pés contorcendo-se sobre a mesma superfície.

Ele então voltou a me beijar, um selar demorado que parecia comprimir nossos lábios, num intento de fazê-los se tornar um, e eu senti seu gozo quente ser entornado em minha mão. Woohyun gemeu baixo, mas não se esqueceu de meu membro. Uni meus dedos entre os seus, e o fiz segurar e puxar todo o meu prepúcio até a base, sentindo-me pulsar através de sua mão. Então, mesmo que um pouco constrangido e exausto, deixei que meu gozo vertesse por entre seus dígitos. Inspirei pesadamente, minhas mãos em volta de seus ombros, puxando-o para mim.

Nos abraçamos e nada dissemos. Não havia nada que pudesse ser dito, depois de tudo. Talvez por nosso constrangimento, ou pela forma que tudo aconteceu, à meia luz, em meu quarto. Dentre todas as vezes que me toquei pensando nele, dentre todas as fantasias que secretamente tinha consigo, nada poderia se comparar aquilo.

Nada seria como sentir o corpo de Woohyun sobre o meu, sua respiração resvalar preguiçosa e densa sobre minha pele levemente suada. Nada seria como a primeira vez em que nos tocamos. Eu queria apenas que aquele momento durasse para sempre.

Uma opinião sobre “Rotten Apple

Que tal mandar um alô pra tia Suz? xD