Rotten Apple

Doze

Naquele final de semana, não fiz nada além de ficar diante do computador, pesquisando. Convidei Dongwoo e Hoya para dormirem em casa, pois eu precisava de algo que ia além de minha própria opinião. Lhes contei sobre Sungyeol e seu escândalo diante do portão de Woohyun, sobre a mulher que gritava com ele, sobre suas lágrimas.
Por mais que Dongwoo fosse um piadista de mão cheia, ele não deixou de se comover por Woohyun. Certamente não era fácil passar por tudo o que ele parecia passar naquele momento. Nos colocamos em seu lugar, imaginamos como seria se por ventura nossas mães nos proibissem de vermos nossos amigos, de socializarmos na escola ou em qualquer outro lugar. Sobretudo Dongwoo, cuja mãe chorava escondida pelos cantos, por ter conhecimento da opção sexual do filho.
Não era questão da esquisitice de Woohyun, ou por eles acharem que eu estava interessado nele. Agora era algo mais sério. Era a felicidade de um colega que havia entrado para a turma que estava em questão.
Pesquisamos os nomes Lee Sungyeol e Lee Sungjong nas redes sociais mais conhecidas, e os resultados foram satisfatórios. Sungyeol tem nossa idade, conforme seu perfil no facebook informava. Estuda na Yongsan-gu, e pelo que vimos nas fotos desprotegidas, é bastante popular entre outros garotos e garotas. Está marcado em fotos de várias pessoas diferentes, suas selcas tem mais comentários que as minhas, em meu facebook, e isso me deixou intrigado. Finalmente eu havia encontrado alguém aparentemente mais popular que eu.
No perfil de Sungjong, se podia ver que ele era tão popular quanto o irmão. Inclusive tinha mais amigos que Sungyeol, e, pelas contas, mais amigos que eu e Dongwoo juntos. Suas fotos somavam poses entre garotas, e ainda afirmo que ele é mais bonito que todas elas. Mas não era ele que nos interessava.
Comecei a procurar cada um dos amigos de Lee Sungyeol, e, minutos depois, encontrei o rosto que tanto me intrigava. Ele atendia pelo nome de Kim Myungsoo, o garoto que insistentemente aparecia diante do portão de Woohyun. Seu perfil estava bloqueado, não se podia ver sequer as atualizações ou seus amigos, e as fotos desprotegidas eram todas marcações de outras pessoas. Marcações feitas por Sungyeol e Sungjong.
Abri as pouco mais de vinte fotos, e me pus a analisá-las calmamente. Myungsoo não permitia que eu visse seus amigos, mas eu tinha noção de sua popularidade através das fotografias ali. Estava sempre em grupos, fotos tiradas com outros garotos da mesma idade, fotos sorridentes. Uma imagem completamente diferente do garoto que se punha tristonho e cabisbaixo em frente ao portão de Nam Woohyun.
Uma das fotos me chamou a atenção. Em meio a vários garotos uniformizados e sentados em um gramado verde e bonito, estavam eles. Myungsoo abraçado a Woohyun, que sorria tão abertamente, que mal se podiam ver seus olhos. Um sorriso lindo que me tirou o fôlego. Eu estava hipnotizado por aquela imagem. Pela felicidade que transbordava daquele retrato. O garoto do portão apontava para a câmera, enquanto seu braço direito abraçava meu colega de classe pelo pescoço, trazendo-o para perto. Sungyeol estava ao lado de Woohyun, com um riso fino nos lábios enquanto encarava os dois amigos.
Eu a salvei rapidamente, e não era por motivos de pesquisa. Eu a cortaria só para ver aquele sorriso outra vez.
Dongwoo empurrou-me da cadeira, sentando-se nela e encarando a foto. Ele estava sério, mordiscava o lábio inferior, como se dessa forma pudesse descobrir o que acontecera no exato momento em que tiraram aquela foto.
“Eu acho que esse tal Sungyeol não gostava muito da amizade dos dois…” Disse, roendo a unha.
“E por que acha isso?”
“Olha pra cara dele, Gyu. Parece que o cara tá bravo, mesmo que esteja sorrindo.”
“Mas o hyung não disse que o tal Sungjong falou que eram amigos?” Hoya interrompeu, esticando-se sobre meu colchão.
“Às vezes pode ser que eles tenham brigado. Tipo o Sunggyu quando tinha ciúme de você.”
“Não acho que seja isso.” Levantei-me, pegando o pacote de fritas da mão de Hoya. “Se Sungyeol tivesse ciúme, não ficaria no portão de Woohyun… Se bem que…”
“Se bem que o quê, Sunggyu?” Dongwoo perguntou impaciente, voltando ao perfil de Sungyeol.
“A segunda vez que vi Myungsoo no portão, Sungyeol apareceu do nada e eles começaram a brigar.”
“Será que o Sungyeol tem algo com o Myungsoo?” Hoya perguntou, roubando a batata que estava na minha mão.
“Vamos ver…” Dongwoo abriu página de informações de Sungyeol, e não havia nada ali. Voltou ao perfil de Myungsoo, e notou algo. “Olha, ele está em um relacionamento sério.”
“Isso não significa que ele seja gay… Nem todo mundo é como vocês dois.” Dei de ombros, e Hoya jogou meu travesseiro em minhas costas.
“Não seja besta, hyung… Isso é mais normal do que você imagina.”
“Não tem informação sobre a outra pessoa desse relacionamento sério… Nem dá pra ver as fotos. Por que será que ele não deixa que ninguém veja?”
“Será por causa do Woohyun?” Perguntei, sentando-me sobre a escrivaninha.
“Você já procurou por ele, não é?”
“Claro que sim.”
“Você ainda pergunta, jjangDong?” Hoya concluiu, rindo para mim como se eu fosse algum tipo de idiota. “Claro que o hyung deve ter procurado.”
“Não tem nada sobre ele. Em lugar algum.”
“Vamos ver entre os amigos do Sungyeol.” Dongwoo disse, voltando algumas páginas e procurando entre as centenas de pessoas.
Levamos quinze minutos pesquisando todos os quatrocentos e vinte e sete amigos de Lee Sungyeol. Não havia nada que dissesse respeito a Woohyun. Nem sequer algum Nam, a quem poderíamos relacioná-lo. Dongwoo se levantou da cadeira e despreguiçou-se, andou em direção a minha cama e sentou-se ao lado de Hoya, seus dedos acariciando o topo da cabeça do garoto.
“Acho que não adianta mesmo. As informações que temos não são suficientes. Sungyeol e Myungsoo podem ser qualquer coisa do Woohyun, desde bons amigos, até inimigos. Não vamos descobrir através desse perfil.”
“Você tem razão, Dongwoo… Mas ainda acho que isso é melhor que nada. Já temos os nomes deles, pelo menos.” Levantei-me da escrivaninha e ajoelhei-me diante dos dois, vendo Hoya virar-se até que suas costas se esticassem sobre o colchão, e seus olhos se fixassem em Dongwoo. Eles eram tão apaixonados, que de longe se podia ver. Eu fora um idiota por não ter percebido antes.
“Mas nós vamos descobrir, hyung! Talvez você não consiga por passar sempre por ali e esses caras já te conhecerem. Mas eu posso tentar me aproximar desse tal Sungjong… Ele tem a minha idade, é mais fácil.”
“E como fará isso?” Dongwoo perguntou, seus olhos fuzilando Hoya. “Esse cara é bonito demais, e só de olhar pra ele, se nota que ele gosta de meninos… O que você vai fazer, Lee Howon?”
“Calma, Dongdong…” Hoya disse num tom rouco e baixo, acariciando a palma da mão de Dongwoo. “É você que eu amo, não fique com ciúme.”
Dongwoo sorriu, a ponta dos dedos acariciava o rosto de Hoya, e logo seus lábios pousavam calmamente sobre os dele, como se eu não estivesse ali. Eu não me importava com aquela cena, muito pelo contrário, adorava vê-los juntos, trocando carícias que meu corpo ansiava por conhecer. Eles de fato se amavam, e não poderia haver nada mais lindo que aquilo. Nada seria mais perfeito que amar e ser amado.
Amar e ser amado…
Pigarreei assim que vi Hoya mordiscar o lábio inferior de meu melhor amigo, e sua orelha ficar vermelha – como sempre. Dongwoo gargalhou de forma histérica, as mãos no estomago, como se de alguma forma pudesse conter seu riso. Quanto mais felizes eles estavam, mais meu coração se aquecia.
“Desculpa, é que eu não resisto…” Dongwoo disse, recebendo um olhar de repreensão de Hoya.
“Tudo bem. Mas se minha mãe entrar no quarto e vocês estiverem aí fazendo essas coisas, não será muito legal.”
“Relaxa, hyung!” Hoya levantou-se, sentando-se ao lado de Dongwoo. “Já pensou no que vai fazer?”
“Ainda não. Estou preocupado com o Namu.”
“Até você adotou o apelido, Gyu Gee Gee?” Dongwoo riu, espalhando meus cabelos. “Depois diz que não está interessado.”
“Eu já confessei que sim, quer mais o quê?”
“Só que você não sabe se ele gosta do mesmo que nós…” Dongwoo concluiu, seu olhar parecia entristecido.
“Já tá me incluindo no seu time, Dino?” Brinquei, levantando-me. “É melhor a gente descer e jantar… Cansei desse assunto.”
“Você tem razão. Depois jogamos vídeo game!”
“Nem pensar! Vou perder pra vocês de novo!” Hoya protestou, nos seguindo.
Fomos para a cozinha, e assim que Dongwoo viu minha mãe, a abraçou e a cobriu de beijos. Ela o adorava, e eu já não tinha dúvidas a respeito de sua afeição por Hoya, já que ele acompanhava o namorado e a abraçava também.
Eu os via de longe, encostado na batente da porta, e sentia algo estranho. Um frio no estômago, como se houvesse algo faltando. Uma parte de mim, que já não me pertencia há algum tempo. O pedaço que só seria preenchido, se ele estivesse ali. A minha maçã, que ainda estava longe do meu alcance.

O final de semana se arrastou lentamente, talvez por minha ansiedade. Eu vivia aqueles tempos em que tudo o que eu mais queria, era ir ao colégio. Só para vê-lo. Acordei mais cedo que o de costume; levei mais tempo no chuveiro, tentando afastar da minha mente a vontade sufocante de chegar logo em minha sala.
Abandonei o coturno, optei pelos tênis brancos do uniforme. Não dei o nó em minha gravata, mas escolhi por pentear meus cabelos como os alunos normais. Eu não me reconhecia diante do espelho. Por um instante, o Kim Sunggyu popular e descolado dava lugar a uma caricatura da minha pessoa. Uma imagem de um nerd tentando ser descolado.
Ri de mim mesmo, tentando entender os motivos pelos quais eu estava tentando mudar minha aparência. Não era ela que mudaria o interesse de Woohyun. E se ele fosse hetero? E se ele gostasse do meu jeito de ser? Eram tantas perguntas e nenhuma resposta, que minha primeira reação fora pentear meus fios avermelhados e dar forma a um topete um tanto quanto exagerado – minha franja já estava longa, mas o penteado ficara bom, então não me importei.
Quando finalmente cheguei ao colégio, – vinte minutos adiantado – sorri ao ver que Woohyun estava na sala. Meus olhos se encheram ao ver o garoto engomadinho quieto em seu canto, como sempre. Apenas ele, mais ninguém. Apressei-me e me sentei, jogando a mochila em minha mesa. Olhei para ele, e ele devolveu o olhar de soslaio, como se não quisesse que eu notasse.
“Bom dia, Woohyun!”
“Bom dia Sunggyu.” Ele respondeu num tom tristonho. Aquele mesmo tom que me maltratava.
“Como foi seu fim de semana? Você não veio na sexta, nós sentimos sua falta.”
“Pois não deveriam.” Ele deu de ombros, falando baixo para que ninguém mais ouvisse. Decidi que manteria o mesmo tom de voz, para que ele continuasse a conversa.
“Por que acha que não deveríamos? Nós te achamos legal, você é bem vindo entre a gente.”
“Olha, Sunggyu… O mundo não é o mesmo pra todos. Pode ser que pra você as coisas sejam fáceis, mas pra mim não são. Não é fácil ter que fingir que eu não gosto de ninguém”
“Como assim?”
“Você viu, não viu?” Ele perguntou, seus olhos presos aos meus.
“Sim…”
“Você viu e tem visto. Eu não gosto disso. Se quisesse que você soubesse sobre minha vida, eu daria um jeito de te contar. Mas não, o que acontece comigo não é da conta de ninguém.”
“Mas eu só quero…”
“Você não tem que querer.” Me interrompeu, desviando seus olhos para a janela. O mesmo olhar triste me rasgava a alma. “Você não entenderia, de qualquer forma. Somos de mundos completamente diferentes.”
“Eu quero entender, Woohyun. Quero ser seu amigo.” Insisti, me sentindo um completo idiota.
“Não é como se eu recusasse sua amizade.”
Ele disse, calando-se em seguida. Apoiou o rosto entre os braços, e escondeu seu rosto. Meu coração batia e ao mesmo tempo se congelava, como se o mundo tivesse deixado de girar por alguns segundos. O que havia sido aquela conversa?
Dongwoo logo chegou, e, como de costume, sorriu para nós. Se sentou e me encarou, olhando para Woohyun em seguida, como se perguntasse o que havia acontecido. Eu movi as mãos, indicando que não sabia de nada, e ele uniu sua carteira à minha, aproximando-se de Woohyun. Cutucou o garoto, que o encarou assustado.
“E aí Namu, beleza?”
“Namu?” Woohyun uniu as sobrancelhas, seu semblante havia mudado completamente.
“Não liga, ele dá apelidos pra todo mundo. Namu é melhor que Gyu Gee Gee.”
“Gyu Gee Gee?” Woohyun me fitou, um ar de deboche em seu olhar. Ele gargalhou. Pela primeira vez. Eu não pude deixar de rir consigo.
“Vai rir de mim agora, é?” Perguntei, batendo em Dongwoo. Eu na verdade desejava agradecê-lo por aquilo.
“Todo mundo adora meus apelidos… Mas vocês são uns merdas que não sabem me dar apelidos legais.” Dongwoo deu de ombros, com sua gargalhada contagiante. Eu adorava meu melhor amigo. “Mas e ai, Namu, vai participar da competição mesmo, ou aquilo era só pra surpreender os colegas?”
“Claro que eu vou! E serei o líder da equipe.”
“Cê ta brincando…” Dongwoo disse, roubando a atenção de Woohyun.
“Eu não brinco! Vamos começar a treinar logo, estou animado.” Ele sorriu, e meu coração falhou uma batida. Eu não podia resistir a ele.
“Legal, vamos começar hoje, o que acha?!”
“Depois da aula, não é? Vim preparado.” Woohyun tocou sua mochila e sorriu novamente, sendo acompanhado por Dongwoo.
Eles se calaram assim que algumas alunas entraram na sala, e vieram em nossa direção. Elas falavam conosco, como se fossemos algum tipo de ídolo adolescente, e eu já não me sentia tão bem quanto me sentia antes. Eu não queria ter que falar com elas. Eu era indiferente, mesmo que elas continuassem a tentar chamar minha atenção.
Woohyun voltou a encarar o céu, e até que a professora chegasse, eu permaneci ali, observando-o sutilmente, para que ninguém percebesse. Me perguntava porque ele era tão mais aberto quando falava com Dongwoo, que quando eu tentava falar consigo. Havia ele percebido meu interesse, ou a forma com que eu o olhava?
Minha cabeça dava voltas e mais voltas, e eu não podia evitar a dúvida me consumir aos poucos. Por dentro, eu desejava me aproximar dele, ultrapassar todas as barreiras que ele continuava erguendo ao longo de nossos dias naquela escola. Por fora, eu apenas sorria sem jeito, tentando ao máximo não parecer um completo idiota. Um idiota que queimava em ciúme, em desejo de tê-lo por perto.
Um idiota que havia se apaixonado por ele. Que estava perdido, completamente desnorteado, e sua única causa se chamava Nam Woohyun.

Uma opinião sobre “Rotten Apple

  1. Bom  vamos lá

    Dinowoo, Gyu Gee Gee e Hoya que feio Stalkeando o  povo  uhummm.. to vendo isso  se bem  que foi muito bom o concelho de guerra formado por esses três , também quero saber mais sobre  SunJong, SungYeol o insuportável e sobre o Myungsoo menino triste  e totalmente misterioso .  Amei o Gyu despeitado porque Yeollie é mais  famoso que ele kekek doeu  senti  isso e quase tive coisas com a foto porque eu imaginei o sorriso lindo que o Namu deu ^^  (Diva se você tem  a foto que eles viram depois me mostra :) /  Adoro também como o Gyu se sente confortável vendo o amor lindo do DongYa  também babo e fico babando a vida sempre 

    Gyu ansioso pra ir pra escola  acho que já vivi isso alguma vez na minha vida escolar  /saudades/  e Não  Gyu você não precisa mudar pra parecer bem aos olhos do Namu acho que ele  gosta de você assim .

    E  ai que  tenso  a conversa deles não gostei senti um aperto no peito porque faz isso Namu ficar afastando  eles de você eles só querem te ajudar ou no mínimo ficar ao seu lado mas como sempre sei que isso tem um motivo e será desvendado  mais pra frente certo  Diva?

    Dinowoo sempre quebra a tensão com esse sorriso e gargalhada hilariante ai meu deus totalmente apaixonada por isso não sei lidar com esse sorriso grande   A cara do Namu quando ouviu  o apelido  eu imaginei isso e Ri a vida disso e a cara de deboche também “Gyu Gee Gee  adotarei  ele pra vida ^^

    Bom Obrigada pelo cap. Diva to voltando a ler de novo com calma só pra amar Rotten Apple como ele  merece porque essa fic é linda e merece tantas coisas boas e você também sempre merece que todas as pessoas te dê amor por que dedicar seu tempo  pra escrever  é muito amor por nós  obrigada mais uma vez ^^ até o cap. 13

Que tal mandar um alô pra tia Suz? xD